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terça-feira, 19 de outubro de 2010

A ti,

Escrevo a você que fala comigo de longe, num silêncio cego e bestial, aqui derramo meias palavras e deixo-as voar, espero que as possa encontrar.
Tenho em minha face o doce verter dos ventos, as flores nos meus cabelos se despetalam, já agonizadas, parece que me inquieto, numa espera do que creio não chegar. Não existe como parar esse grande monólito que marca em tic, o passo da água, gostaria de ser amiga dessas entidades incorpóreas, talvez assim não houvesse sina para mim.
Agora sorriu pensando, sem dúvida já me sinto seca, afogada nesse sabor de amêndoas, quero deixar ir, pois não tenho como aprisionar a esse pequeno , esse menino desdobrado, esse lado (do outro lado) que comigo está.
Posso olhar de onde estou, quase em êxtase, a amplidão carnívora do oceano, (gargalho) outra vez, ele bebe, deleitoso as gotas que em mim escorrem. Entre um gole e outro posso sentir quando fala: "Nós temos vivido muito e procuramos o que podemos amar e estimar."
Sôfrega, entre murmúrios confesso... quero, e entre suspiros , arisco, balbucio... fica.
Sinto uma latência interior... pois sei que algo em mim escorre e em qual amor?

Assim, indo para ti.

Due.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Ao meu querido,

Posso ouvir os passos que vem entrando no meu lugar. Ele sorri, hoje, e provavelmente amanhã também, isso tem se tornado nosso ritual, o momento do encontro. Hoje ele me balbucia que na floresta, em que meu pobre corpo trilha, soa como buzina uma velha lembrança...
São tantos que já se foram, são tantos os que ainda estão, e você e eu aqui, meu querido. Não mentirei dizendo que posso sentir os teus dedos correndo sobre minha pele ou que posso saber como seria quando me pegasse bravamente em seus braços e deixasse que os anos corressem a fio dentro de nós.
Em tantos momentos onde ele nos ofertou palavras e, as vezes, apoio para um pesar desbravado ou um bálsamo para as flores antes tão esmaecidas, queria poder dizer que somos (eu e ele ) os mais velhos amantes, porém aqui estamos você, eu e ele... e os outros.
Em meus olhos borbulha um matiz e descobrimos que em tudo que repugna uma jóia encontramos.
Olha pra mim querido, vê que estou , por obra deste sábio que age sem ser visto, na efervecência dos tempos e na calidez imutável de suas Helenas e me repita mais uma vez aquilo que nos une (seja a razão desmedida ou o amor mais cálido).

Sendo um dia sua,

Due.

sábado, 9 de outubro de 2010

Minha Querida,

Meu silêncio não foi proposital, apesar de também não ter sido mero acaso...
Vivo em um mundo onde as trevas são rotina. Nele, estou cercado de espectros que tem como ofício anular os meus sentidos.
Estou cego ao seu lindo semblante, surdo à sua doce voz e anósmico a seu suave perfume. Nínguem me percebe mesmo que os toque e as palavras articuladas pelos meus lábios não são ouvidas (nem entendidas).
No entanto, eles não me tiraram aquilo que me dá mais força: a razão. É ela quem me permite viver, por ela que ainda resisto, através dela que alimento meu desejo por ti.
Quisera acariciar sua face, afastar teus cabelos macios para trás de sua orelha e assim como um voraz devasso te possuir sem qualquer tipo de tabu.
Pudico?! Minha (suposta) casta já há muito tempo que dissipou-se junto com meus sonhos.
Hoje, minha amada, são só tormentos...
Para me livrar momentaneamente destes, me apego a pequenos prazeres, que habitam nosso espírito e o corpo viciam.

Talvez por meio dele você possa compreender bastante do que te relato.
Contudo, nossas correpondências ainda são aquilo que mais nos aproxima. Espero que apenas por enquanto.

Com amor,
Elmin

P.S.: J'ai aimé les fleurs que tu m'as envoyé!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Ao meu querido.

Não sei em quantos caminhos já se fez passado, mas recentemente ele me disse que talvez a felicidade veio habitar comigo e não a reconheci, emudecida fiquei.
Quanto tempo se demora para tornar-se sentimentos ou ser tomada por eles?
Tenho que confessar que a solidão tem o divino milagre dos mudos e a inefável presença da loucura. Já soletro seu nome para ter certeza de que houve... e que era...
Estou ouvindo os suspiros e as risadas baixinhas, daquele "meu maldito amado" (e este não é você ... porquê?).
O cheiro derramado está escorrendo por entre meus dedos, e os meus dedos estão manchados.
Parada não consigo divisar quando chegarei... e sinto como se fiéis ao pecado, a contrição nos amordaça.
Por que decidimos estar silenciosos? Porque impomos alto preço à infâmia confessada?
Será na ilusão de que o pranto as nódoas nos desfaça?
Estou em busca do murmúrio que a muito acariciou os meus cabelos... aquele, ele, que está aqui perto, as vezes me sussurra... quer me entender ou se estender....

Em mim.

À espera,
Due.